quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Carta de Dom Vicente aos paroquianos de Jundiaí

Carta ao Povo de Deus Da Diocese de Jundiaí





Dom Vicente, chamado a continuar a missão apostólica recebida do Cristo Jesus, por vontade de Deus, à Igreja de Deus que está na Diocese de Jundiaí: “aos que foram santificados no Cristo Jesus, chamados a serem santos, junto com todos os que, em qualquer lugar, invocam o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso. Para vós, graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (1Cor 1,2-3).

É com sincera e imensa alegria que me dirijo pela primeira vez a todos vocês, meus futuros diocesanos, no dia em que está sendo anunciado oficialmente que o Papa Bento XVI me escolheu para ser o novo Bispo Diocesano de Jundiaí.

1. “Aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1Jo 2,17).

Escrevendo-lhes com toda sinceridade, quando recebi a comunicação de que deveria deixar a Diocese de Umuarama − PR para exercer minha missão apostólica na Diocese de Jundiaí, fiquei surpreso e, ao mesmo tempo, perplexo. Nasci na ilha de Malta, Europa, e imbuído pelo sopro renovador e missionário do Concílio Vaticano II, cheguei ao Brasil no início do ano de 1969 para me formar padre. Trabalhei vinte cinco anos como padre na Arquidiocese de Maringá, quando fui eleito Bispo Auxiliar de Londrina. No dia 13 de dezembro de 2002 assumi a missão de ser Bispo de Umuarama. Portanto, nesses quase quarenta e um anos de permanência no Brasil, sempre vivi e trabalhei na Igreja no Norte e Noroeste do Paraná.

Deus me chamou agora, uma vez mais, para uma nova missão: deixar esta terra e ir anunciar o seu Evangelho e ajudar na construção do Reino em lugar, até então, não tão familiar para mim. Porém, como diz a Primeira Leitura da Liturgia da Palavra da celebração eucarística de hoje: “Aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1Jo2,17). Sim, meus queridos irmãos e irmãs, tenho a absoluta convicção de que minha transferência para a Diocese de Jundiaí, à luz da fé e do amor à Igreja, nossa Mãe, se insere no projeto de Deus que dirige nossa história por caminhos, às vezes, imprevisíveis e até então desconhecidos. Inclusive devo confessar-lhes que recebi a notícia desta nova missão bem próximo do tempo do Advento, tempo de conversão, de purificação e de preparação para a vinda do Salvador. Tenham certeza, meus queridos irmãos e irmãs, que, desde aquele dia, coloquei toda a Igreja de Deus que se faz presente em Jundiaí nas minhas orações, preparando-me espiritualmente, no tempo santo do Advento para que esteja à altura da nova missão que me foi confiada.

2. O menino Jesus “crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele” (Lc 2,40).

Queridos irmãos e irmãs, posso imaginar a expectativa de todos vocês para com a chegada do novo Bispo: Qual o seu jeito? Como é o seu modo de pensar e de agir? Da minha parte, prometo-lhes que farei tudo o que estiver dentro das minhas capacidades e possibilidades para corresponder aos seus anseios e expectativas.

Posso bem imaginar o quanto de bom e de salutar foi implantado na Diocese de Jundiaí desde a sua criação em 1966. Prometo-lhes que procurarei valorizar e respeitar a caminhada passada de quarenta e três anos desta Igreja. Reverencio com respeito e gratidão os seus primeiros três Bispos já chamados para participar da glória celeste: Dom Gabriel Paulino Couto, OCarm, Dom Roberto Pinarello Almeida e Dom Amaury Castanho. Agradeço de coração ao meu irmão no episcopado, o quarto Bispo, Dom Gil Antônio Moreira, que dirigiu a Diocese durante cinco anos, hoje Arcebispo de Juiz de Fora − MG. Quero também dar graças a Deus pela atuação do Administrador Diocesano neste tempo de sede vacante, Pe. Joaquim Wladimir Lopes Dias. Por fim, Deus seja louvado por tudo aquilo que já tem sido implantado na Diocese − certamente, com muito esforço e dedicação − pelos queridos padres, diáconos permanentes, seminaristas, consagrados e consagradas, pelos cristãos leigos e leigas nas paróquias, pastorais, movimentos, comunidades, associações, e por tantos outros que, de uma maneira ou de outra, têm contribuído para que a querida e amada Diocese de Jundiaí seja o que ela é na atualidade.

Também a Liturgia da Palavra da celebração eucarística de hoje nos diz que o Menino-Deus crescia em sabedoria e graça diante de Deus e de todos (cf. Lc 2,40). Realmente, o amor que vem e nos leva até Deus não conhece ocaso ou limite. Não tem medida e, por isto, deve sempre crescer ainda mais, como nos diz o Apóstolo Paulo: “Cresceremos sob todos os aspectos em relação a Cristo, que é a cabeça” (Ef 4,15) da Igreja. Repetia muitas vezes o saudoso Papa João Paulo II: “Duc in altum” (“Novo Millennio Ineunte” [NMI], n. 1). Queridos irmãos e irmãs, retomando a passagem evangélica da pesca milagrosa (Lc 5,4-11), conclamo-os: É tempo de crescermos no amor a Deus e à Igreja, de “avançarmos para águas mais fundas” (cf. Lc 5,4), de ir em busca do novo e do ainda não vivido plenamente, confiantes na força renovadora do Espírito Santo que “sopra onde quer” (Jo 3,8). Na exigente e ilimitada tarefa de tornar nossa Igreja Diocesana “a casa e a escola de comunhão” (NMI, n. 43a), sempre há espaço para darmos um passo a mais no caminho do diálogo sereno e adulto, na plena participação eclesial, na vivência da fraternidade e da unidade entre todos e no compromisso sempre renovado da nossa fé cristã.

Nisto conto, em primeiro lugar, com a graça de Deus: “Tudo posso naquele que me dá força” (Fl 4,13). Confio na colaboração amiga e fraterna de todos os Arcebispos e Bispos do Regional Sul I, do seu Presidente, Dom Nelson Westrupp, SCJ, Bispo de Santo André, e particularmente do Metropolita de Sorocoba, Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues, Arcebispo de Sorocaba, e dos outros três Bispos que compõem a Província Eclesiástica de Sorocaba à qual a Diocese de Jundiaí pertence: Dom José Moreira de Melo, Bispo de Itapeva; Dom Gorgônio Alves da Encarnação Neto, CR, Bispo de Itapetininga; e Dom José Luiz Bertanha, SVD, Bispo de Registro. Conto também com a amizade e a fraterna colaboração dos padres da Diocese, diocesanos e religiosos, “minha alegria e minha coroa” (Fl 4,1), chamados a serem “discípulos missionários de Jesus, o Bom Pastor”, ainda mais que estamos vivendo as alegrias deste abençoado Ano Sacerdotal. Para o bom desempenho do meu ministério episcopal, preciso da ajuda dos diáconos permanentes − graças a Deus tão numerosos e atuantes na Diocese de Jundiaí −, chamados a serem discípulos missionários de Jesus Servidor. Confio também na colaboração e no apoio dos queridos seminaristas da Diocese, a quem prometo dedicar um amor privilegiado, a fim de que eles venham a enriquecer a família presbiteral diocesana. A presença dos consagrados e consagradas é um dom peculiar a qualquer Diocese, pois a enriquece em santidade e testemunho radical do Reino. A eles também − tanto de vida ativa como também contemplativa −, chamados a serem discípulos missionários de Jesus, “a Testemunha fiel” (Ap1,5), peço orações, ajuda e colaboração. Conto também com tantos cristãos leigos e leigas, discípulos missionários de Jesus, Luz do Mundo, espalhados nas nove regiões pastorais da Diocese e protagonistas de uma Igreja mais família de Deus e de um mundo mais fraterno, justo e solidário. Penso que na nossa ação evangelizadora algumas frentes, entre outras, merecem uma atenção especial: a família, os adolescentes e os jovens, o Serviço de Animação Vocacional (SAV), a comunicação social, a pastoral urbana e os que sofrem qualquer forma de exclusão e discriminação. Por fim, quero colaborar com todos os de outras Comunidades Cristãs e Confissões Religiosas; com os que procuram a Deus mesmo sem conhecê-lo na sua luta pela verdade, pela promoção e pela defesa da vida; com as autoridades constituídas dos onze municípios que formam a Diocese de Jundiaí e com todos aqueles que são chamados a serem discípulos missionários de Jesus Cristo na vida pública.

3. “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5).

No decorrer dos meus onze anos de Bispo, a Virgem Maria tem sido sempre presença amiga, consoladora e animadora. O meu lema episcopal é de inspiração mariana: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5). A Maria, venerada na Diocese de Jundiaí com o título de Nossa Senhora do Desterro, quero dedicar a minha nova missão como Bispo com vocês e para vocês. Nela coloco, confiante e filialmente, o novo pastoreio que recebi da Providência Divina.

Que Maria, perfeita Discípula Missionária do Pai, nos ensine a fazer tudo o que seu Filho nos disser a fim de que sejamos verdadeiros e autênticos discípulos missionários do Senhor Jesus Cristo na Igreja e no mundo.

Aproveito para desejar a todos um feliz e abençoado Ano Novo, cheio de realizações pelo Reino de Deus.

Aguardando o dia do início da minha missão como Bispo de Jundiaí, peço que rezemos uns pelos outros.

A todos abençoo.

Umuarama − PR, 30 de dezembro de 2009.


Dom Vicente Costa

Bispo eleito da Diocese de Jundiaí

Novo bispo de Jundiaí


Dom Vicente Costa


Atual Bispo da Diocese de Umuarama desde: 09 de outubro de 2002.

Ordenação Episcopal: 19 setembro de 1998.

Nomeação: 01 de julho de 1998.

Ordenação Presbiteral: 17 dezembro de 1972.

Nascimento: 01 de janeiro de 1947.

Lema: "Fazei tudo o que Ele vos disser" (Jo 2,5).

Atividades exercidas antes do episcopado:

Vigário Paroquial da Catedral Nossa Senhora da Glória, Maringá, PR (1973);

Pároco em São Jorge do Ivaí (1974-1978); Pároco em Sarandi, PR (1979-1984);

Coordenador Arquidiocesano de Pastoral (1985-1987 e 1991-1994);

Estudo em Roma (1987-1991);

Vigário Paroquial da Catedral, Maringá, PR (1994-1997);

Professor no Instituto Paulo VI, Londrina, PR (1991-1997);

Professor no CINTEC (Centro Interdiocesano de Teologia), em Cascavel, PR (1996-1998).


Estudos realizados

Doutorado

Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma.

Teologia

"Studium Theologicum", Curitiba-PR (1969-1971); Instituto Teológico de Curitiba (1971-1972).

Filosofia

Universidade de Malta (1964-1968).

Ensino médio

Seminário Menor, Floriana, Malta (1958-1963).

Ensino fundamental e básico

Escola Governamental, Birkirkara, Malta (1954-1957).